sábado, 24 de março de 2012

A Arte da Guerra: auto ajuda ou autoengano?

Refugue tudo o que você leu sobre autoajuda. E esqueça até mesmo os conselhos que você aprendeu na Arte da Guerra, de Sun Tzu, sobre como vencer no trabalho, treinamento atlético e regência orquestral. Isso porque até hoje no Brasil tivemos apenas acesso a traduções indiretas do clássico chinês de 2.500 anos de idade.  Leia a primeira tradução feita diretamente do chinês  em edição bilíngue da Arte da Guerra de Sun Tzu. A tradução é do jornalista taiwanês Adam Sum, morto em 20008 aos 55 anos.  E esta tradução veio para derrubar suas crenças. E, graças ao saudoso Adam Sun, permanecer no catálogo dos livros essenciais.

         Isso porque o tratado escrito no século sexto antes de Cristo, durante a dinastia Zhou, nada tem a ver com conselhos de como melhorar a governança corporativa, aplicarem  ações ou vencer um campeonato. No seu estilo didático, a Arte da Guerra – ou Método Militar de Sunzi – trata simplesmente das formas de ganhar guerras.

         Não encontrei no livrinho um único conselho útil para minha vida ou carreira. Por exemplo, no último capítulo, Sun Tzu trata dos cinco empregos de um espião e o valor da espionagem para vencer uma guerra. “ Os destituídos de conhecimento e sabedoria não podem empregar espiões’, diz Sun Tzz. E conclui: “ Sutileza das sutilezas, nada impede o uso do espião.” Bom, se eu for aplicar esse método no trabalho ou na vida, seria no mínimo bizarro. Espionar os colegas, parentes e amigos? Espionar a conta bancária alheia? OK, preciso interpretar o texto e chegar aos subentendidos. Mas será que a vida é essa guerra horrível?

         A primorosa tradução da Arte da Guerra serve acima de tudo para que deixemos de lado a leitura metafórica dos antigos sábios e para aplicá-losl à vida moderna. Nossas guerras hoje são bem diferentes das de 25 séculos atrás. O fato é que em qualquer livro você busca o que quer encontrar. Autoajuda  nada mais é que autoengano.

 

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