quarta-feira, 27 de junho de 2012

O romance de terror de Jennifer Egan


Jennifer Egan (Foto: Pieter M. van Hattem)
A escritora americana Jennifer Egan, de 49 anos, é uma das estrelas da décima edição da Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, que acontece de 4 da 8 de julho. Nem adianta tentar participar do evento na última hora, porque ele se transformou em um circo literário com lotação esgotada até para o telão instalado do lado da tenda dos autores. É melhor ficar em casa e assistir às transmissões pela internet (www.filp.org.br). De longe ou perto, a Flip tem a virtude da disseminação de obras de grandes autores. Será possível assistir à mesa “Pelos olhos do outro”, que reunirá Jennifer Egan e um monstro da ficção contemporânea: o inglês Ewan McEwan. Ela estará lançando na ocasião o romance O torreão (Intrínseca, 240 páginas, R$ 19,90, tradução de Rubens Figueiredo), de 2006. Ele, o romance Serena (Companhia das Letras, 384 páginas, R$ 39, tradução de Caetano W. Galindo).
“Vai ser emocionante reencontrar McEwan”, diz Jennifer Egan, por telefone. “Ele é um de meus heróis literários. Acompanho os livros dele desde o início dos anos 80, quando vi uma leitura dele na faculdade.” Jennifer não sabe exatamente o que vai falar, mas o tema é um de seus favoritos: o ponto de vista do narrador.
Jennifer ganhou em 2011 o prêmio Pulitzer de ficção pelo romance A visita cruel do tempo. Ali joga com as vozes narrativas e brinca com a própria forma do romance. “Eu fiz questão de não chamar de romance”, diz Jennifer. “Isso criou problemas de colocação do produto no mercado. É um romance, mas não convencional, porque entrelaça vários personagens, pontões de vistas e histórias.” Ela se diz contente com o fato de o livro entrou na lista de mais vendidos no Brasil, mesmo não sendo uma obra fácil. “Espero que O torreão tenha o mesmo destino.”
O torreão pode ser chamado de neogótica. Narra a história de dois primos americanos que se encontram na Europa Central para restaurarem um castelo medieval para transformá-lo em um hotel de luxo. Os personagens lembram os da novela O fantasma de Canterville, de Oscar Wilde. Só que, em vez de dessacralizarem o pobre fantasma, como acontece com Wilde, os primos são envolvidos pelos espectros, com conseqüências imprevisíveis. É a restituição do lugar dos fantasmas em um século de tecnologia. “Tecnologia é um tema que se repete em meus livros. A visita cruel do tempo aborda a relação dela com o a música. Em O torreão, relaciono os mitos ao avanço tecnológico.”
Jennifer Egan diz que os gêneros de seus livros são determinados pelo enredo. No caso de O torreão, o gênero é puro e arrepiante terror.
A visita cruel do tempo